Combustível de aviação no Brasil é 40% mais caro

Custos

Diferença do cobrado no resto do mundo encarece operação.

Segundo estudo feito pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), o combustível que abastece os aviões no Brasil é um dos mais caros do mundo, chegando ao patamar de 40% acima da média. De acordo com a entidade, esse fator afeta a operação de voos domésticos, consequentemente aumentando as tarifas pagas pelo consumidor final.

“As empresas repassam essa despesa para as tarifas”, afirmou o consultor técnico da Abear, Maurício Emboaba. De acordo com o ele, 30% da composição dos preços são direcionados aos custos operacionais, como pessoal e combustível. O querosene, nesta conta, representa 12%. “Coma alta do dólar, será inevitável transferir esse aumento para os bilhetes”, comentou.

Segundo a entidade, nos últimos dois anos, o preço do combustível apresentou alta de 82%. Em média, o litro do querosene vendido pelas refinarias brasileiras chega a R$ 3,30. Por outro lado, de acordo com relatório da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA, na sigla em inglês), o valor nos demais países da América Latina é bem abaixo do praticado no País, chegando a R$ 2,29 por litro.

Política de preços

A precificação aplicada no Brasil segue o modelo de importação implementado há 20 anos pela Petrobrás, quando, segundo Emboaba, o País produzia metade do petróleo consumido. Em nota, a Petrobrás informou que “sua política de preços para o querosene de aviação vendido às companhias distribuidoras reflete as variações do mercado internacional e taxa de câmbio”.

“Destaca-se que o querosene de aviação, assim como os demais derivados de petróleo, é uma commoditie e, portanto, sua precificação deve obedecer à lógica aplicável a produtos desta natureza quando comercializado sem economias abertas, acompanhando os preços do mercado internacional”, disse outro trecho da declaração.

Entraves

Fabrício Morini, piloto de avião e idealizador da MoriniAir, uma startup de escola de voo, listou quatro pilares prejudiciais a prática de preço aplicada no combustível da aviação: imposto, infraestrutura, prática de comercialização e falta de políticas específicas voltadas para o assunto. “A prática que a Petrobrás adota para comercializar o combustível é, na verdade, a mesma para qualquer outro tipo de veículo”. O avião consome de 4 a 5 litros por segundo, enquanto o carro pode percorrer 15 km com um litro. “Há, claramente, um problema de política de preço que ninguém parece ser capaz de resolver”, justificou. Morini também apontou a falta de competitividade nas distribuidoras de combustível. “Há uma fatia do mercado pertencente à British Petroleum e a Shell, mas, no final, a Petrobrás faz as regras do jogo”. “Se eles decidirem parar de trabalhar, ninguém mais voa e o País entra em colapso”, disse. O comandante e dono da empresa de táxi aéreo Helimarte e presidente da Associação Brasileira de Táxi Aéreo (Abtaer), Jorge Bitar, afirma que esta alta nos combustíveis pesa demais para eles por ser um dos insumos que mais consomem. “Para se ter uma ideia, um helicóptero gasta quase 200 litros de querosene por hora”, contou. De acordo com Bitar, o preço do combustível de aviação é tabelado de acordo com o dólar, preço do petróleo e na inflação do País.

Segundo associação de aéreas, nos últimos dois anos preço do combustível teve alta de 82%.

Publicado por: AMANDA SILVA – A TARDE SP